25.12.06

Mais um poema para Sampa...












A Rua

(Heraldo Goez)

Sob o impassível frio paulistano
A rua grita seus dias a fio
E a flor perdida no canteiro alto
Murmura gotas de orvalho tardio

E eu não preciso mais me esconder
Atrás do brilho de qualquer vidraça
Pois que a cidade é a janela de tudo
E a vida passa mesmo sem querer

Guarde na lembrança minha voz,
De herança, minha paz
E um sorriso de criança...
Guarde na lembrança nossa vida
E a certeza da partida não será em vão...

Mas eu nem sei nem mesmo te deixar
Ando na contramão do amanhecer
Meu coração nasceu madrugador
Milhões de cores a me seduzir
E num farol qualquer espero ver
A lente do teu olho a me fitar
E a sutileza no retrovisor
Do verde me chamando a prosseguir

E mesmo que não seja mais possível
Ver os cabelos dessa deusa, nua
Mesmo que não se veja na fumaça
Pra onde aponta nosso dedo insano
A construção avança, irredutível
Concreto armado de amplidão e graça
Sob o impassível frio paulistano
Aonde a rua grita e continua...

(Foto de Carlos Alkmin, em http://www.flickr.com/photos/carlosalk/)

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Olá,

Eu não sabia que esta foto de minha autoria tinha sido usada aqui.

Obrigado pela escolha e por fazer o devido crédito. Confesso que esta ainda é de uma fase em que eu não tinha grandes recursos técnicos. Voltei várias vezes à região e fiz imagens melhores.

Sucesso com as poesias e com o blog.

Abraço,

Carlos Alkmin

segunda-feira, 19 janeiro, 2009  

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