30.11.06

3 POEMAS DE IVAN

Apresento a vcs meu amigo e parceiro, o poeta e multiartista IVAN NERIS


O Papa
Alguém viu o dedo do menino cair na areia,
Alguém viu o sangue do mulato,
Colado no sapato do guarda,
Alguém comprou o último Guines Book,
A galeria de vertigens vendia sombras espessas,
Na zona uma puta chorava hein fim,
Era domingo, somente mais um domingo,
Era um dia...
E alguém revisitou o quarto fétido da avó morta.
Era um peito siliconado,
Sobre a barriga celulítica,
Era a política da boa vizinhança,
Era eu ali na praça,
Eramos eu e a cachaça,
Num curto espaço de pensamento,
Eramos eu e a humanidade,
Em plena e desvairada amizade,
É o limite do verbo,
Destronado pelo arroto,
É algo assim sem sim ou não,
É o beijo afoito da bichinha feia na fundo do quintal,
É o tormento dos faraós eunucos,
No hades de cada lágrima,
É o desprezo pelo que se sabe,
O remédio do Papa administrado,
A todas as goelas em gotas homeopáticas,
Como a virtuosa tática de guerra,
Graças a Deus vitoriosa.

Ivan Neris poeta conteporâneo 09/08/2006


Crônica


Talvez só fiquem algumas canções,
Depois da guerra e do fim mundo,
Talvez das ilusões sentidas,
Só restem feridas abertas,
Por menos que o gesto,
O corpo caiu no chão,
Para além do corpo,
Cairam os dentes, os pelos, a pele,
Tombou a mente,
Corredeiras e galhos de arvores mortas,
Entopem a fossa de casa,
Facas afiadas estirpam nossa esperança,
Rasgando ventres, levando culhões,
Sonhar pra quê, se a liberdade é inutil,
Querer o que se espaço no canto da boca,
Escorre catarro e emoção vadia,
Foi só um bebado quem pasou por aqui,
Me disse um dia a faxineira,
Toda essa merda é coisa de bebado !
Tanta ilusão sem nexo é coisa de bebado,
Me disse o padre,
Toda essa gritaria inaldível é coisa de bebado,
Me disseram os casais de namorados,
Toda essa poesia vazia e miserável,
É coisa de bebado me disseram os poetas,
Toda essa história não escrita,
É coisa de bebado me disse o dia que nasceu.

Ivan Neris poeta conteporâneo 09/08/2006


Liberdade
Falar de memórias, contar histórias,
Falar em “liberdade”, sem ter ninguem para ouvir,
Talvez seja toda essa banal filosofia de boteco,
Meros espasmos de mentira,
Sonhos de uma mente doente,
Falar de uma liberdade que ninguém almeja,
Todos acompanhados em sua “hipocrisia”...
Ou estar só na sua “realidade”...
Qual sera será a verdade,
Todos os insanos buscam uma situação confortável,
A melhor vida alcançável,,
Mesmo que sem liberdade ou felicidade,
Serão todos ingenuos,
Ou será ingenuo o infeliz poeta bebado na cama vazia,
Será poeta...
Pai de uma poesia initendível,
Mestre de teorias tacanhas que ninguém carrega para a mesa,
Toda uma vida permeada por escolhas inuteis,
Que nada provam,
só que o caminho do dito libertário é solitário,
só que qualquer naco de felicidade só pode ser alcançada,
com uma grande dose de hipocrizia,
então para que a verdade, a loucura, a liberdade de ser, fazer e
estar,
se nada disso traz a felicidade...
Para que ter um OSSO, se ele o arrasta para a solidão,
Talvez só o poeta nunca entendera o que é ter um OSSO.
E o tempo... o tempo se esvai entre os segundos,
E a morte está depois de cada esquina.

Ivan Neris poeta conteporâneo 09/08/2006