27.4.07

De paixão e chuva...

Este eu dedico a todos que têm uma paixão,
seja por algo, seja por alguém...














De paixão e chuva

(Heraldo Goez)

O corpo...
No leito enfurecido da paixão,
Vencendo a natureza, a mão, revela
A estaca que avança sobre o peito
Brilhante cravejado de desejo
O beijo, acalentado, de menino
Que vejo acorrentado ao coração
Cometa de anos-luz distanciado
A pérola no fundo da gaveta
Perdida no abraço do destino
Que já percebo, agora, acetinada
Império dos anseios incontidos
A lágrima chuvosa, acinzentada
Inevitavelmente derramada
Batendo como açoite nos telhados
Caindo como a noite, na calçada...

No fim...
Caindo como a noite, na calçada
Batendo como açoite nos telhados
Inevitavelmente derramada
A lágrima chuvosa, acinzentada
Império dos anseios incontidos
Que já percebo, agora, acetinada
Perdida no abraço do destino
A pérola no fundo da gaveta
Cometa de anos-luz distanciado
Que vejo acorrentado ao coração
O beijo, acalentado, de menino
Brilhante cravejado de desejo
A estaca que avança sobre o peito
Vencendo a natureza, a mão revela,
No leito enfurecido da paixão... O corpo.

* * *

Imagem "Chuva" em: http://i5.photobucket.com/albums/y165/escada_de_peixe/chuva.jpg

22.4.07

O Medo e a Ponte

Este poema faz parte do romance que estou escrevendo. Virou música, também...















O Medo e a Ponte

(Heraldo Goez )

Tomei o meu tempo, só,
No meio da noite-meia
Só pra esboçar um tema,
Desenhar um poema,
Acabar um verso
E sorver o resto
Da canção perdida
Sob a nota sustenida
Sustentada no vôo
Do termo, do tempo...

Nesse meio-tempo que tomei,
No delineado vento que passou
No inevitável amanhecer,
Nas batidas do meu coração.

Às vezes o silêncio é mais forte
Às vezes a certeza é não saber
Que um beijo poderia mudar tanto
O mundo que me afasta do teu mundo

Mas sei que os meus olhos nesse espelho
Refletem mais do que eu posso ver
E o medo de perder-te e me perder
É a ponte entre o desejo e a razão.

* * *
Imagem: Constantin Korovin, "Automn. On Bridge" em
http://img20.photobucket.com/albums/v60/luismiscow/ConstantinKorovinAutumnonbridge.jpg

Caminhos do Vento

Este poema, como muitos poemas meus, também virou letra de música, que por sinal devo apresentar num show que farei em maio. Este é especialmente para o Alê Novaski, um amigo que é roteirista e está escrevendo uma minissérie com o mesmo nome.














Caminhos do Vento

(Heraldo Goez)

Brota solidão do medo,
Corta, rasga, desmorona
Eu preciso ir em frente,
A trilhar o meu segredo
Como o dia a invadir, rente,
O quarto, o corpo, a alma, a cama

Fiz da espera, minha casa,
Da distância a caminhada
Que meu sol sem trajetória,
Minha história sem parada
Como o vento e a fumaça,
Foi se pôr noutro lugar

Brota, solidão sem jeito
De tão rude coração
Que a saudade em surdina
(flor-da-noite, no seu leito)
Faz da estrada a minha sina.
Da distância a inspiração

Quero ao longe encontrar,
Luz, cidade, vida e só
Seja esse amor sem fim
Uma estrela em teu olhar
Sina, esquina, laço, nó.
Lua nova em meu jardim...

* * *
Imagem em http://i2.photobucket.com/albums/y3/Fotolover/Picture1.jpg

Doce Companheira


















Doce Companheira
(Heraldo Goez)

Minha asa, voz que grita
Sobre a cidade, sangra
Do alto dessa janela,
Arranha-céu de estrelas
Tela de tanto luar.
Tempo de se equilibrar
Deixar o que ficou pra trás
Do que ficou pra trás
Do que ficou...

Pelas ruas do destino
Vem seguir meu caminhar
No rastro dessa cidade,
Doce companheira

Que a saudade tem um cheiro
Que a lembrança reconhece
E o pensamento ligeiro,
Ave, leve, anjo do tempo
Das entranhas faz cair
Uma lágrima de luz
Flor de um coração que chora,
Pétala ao sabor do vento
Pássaro que foi-se embora.

E quase que eu me esqueci
De lembrar por um instante
Que o relógio às vezes pára,
Que meu coração dispara
Ao sentir teu coração,
Jóia fina, ave rara
Numa rua dentro, aqui,
Torre exata sobre a multidão!


* * *