28.12.06

3 poemas de Lucia Helena

Galera, estreando aqui a talentosíssima Lucia Helena.
Passou por aqui e despejou seu encanto em 3 poemas...


Virose

Nosso amor nasceu de um e-mail...
Cibernético, telemático, por banda larga,
assim mesmo é que veio: depois de muito scrap...

(Ainda me lembro do primeiro beijo,
no videokê da Vila Madalena...)

Mas, na realidade virtual,
que pena, a paixão, virótica, acabou
assim que o PC deu pau...

Nunca foi tão speed apagar o passado:
bastou clicar na tua imagem,
apertar o delete e... créo!
Nada mais daquele olhar em tiras
que insiste em nos seguir,
na foto sangrada em papel...

No amor digital, tudo se esquece...

Agora, só preciso que o Google
me escute e pare de estampar
o teu sorriso no álbum
dos nossos amigos do Orkut...


Coisa humana

Nem de aço nem de ferro,
meio sangue, toda sangue
não tenho de ir a lugar algum...
seguir – só isso que me importa...
não me pergunte
o que faço, o que tenho,
de onde venho e aonde vou.

Sem espelho, sem imagem
ou semelhança, sou apenas o que sou:

Nem de aço nem de ferro,
meio carne, toda sangue,
pelo contrário,
levo a vida no meio-fio,
entre o sorriso e o berro!


Acordo entre paredes

O amor devia ser de silêncios...
Nada dessas promessas que,
depois, já se sabe, serão todas traídas.
Não me olhe desse jeito!
Nada de fundo musical!
Sem essa de canções em comum!
Dispenso palavras doces e cartas

- essas que ficam ali, sangrando, nas despedidas.

No máximo, que fique o esboço de um sorriso...
No amor, meu bem, é melhor ter juízo...
Depois de tudo acabado,
o que dói mesmo
são as loucas mentiras
tramadas na cama.
Assim, vamos fazer um trato:
sem imprudências e leviandades,
eu não ouço o que você diz
e você não diz que me ama.

***

Lucia Helena Corrêa é jornalista, cantora e poeta
luciahelenacorrea@uol.com.br

Visite e participe da comunidade Lucia Helena Corrêa no Orkut
(http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=8787845)

27.12.06

Boa notícia...

Francês quer gerar energia por meio de aparelhos de ginástica

da Efe, em Hong Kong Um inventor francês estuda, com a colaboração de uma academia de ginástica em Hong Kong, como aproveitar a energia produzida pelos atletas durante seus exercícios físicos para gerar corrente elétrica que possa ser aproveitada para a iluminação, de um modo mais sustentável, informou hoje o jornal "South China Morning Post". O francês Lucien Gambarota calcula que uma pessoa pode manter uma lâmpada de 30 watts acesa durante uma hora de exercício e reduzir desse modo as emissões de dióxido de carbono. Na sua experiência, ele conectou diversos aparelhos da academia California Fitness, lâmpadas e baterias. "Por cada quilowatt de energia produzida pelas companhias elétricas de Hong Kong, são liberados 500 gramas de dióxido de carbono na atmosfera" afirmou Gambarota. Mas, segundo seus cálculos, utilizando 20 máquinas numa academia durante 10 horas por dia, 365 dias por ano, será possível economizar nove toneladas do gás.
No entanto, a tecnologia do francês só funciona em máquinas que não usam eletricidade.

O diretor de desenvolvimento da rede de ginásios, Rob Devereux, e o inventor francês esperam com esta iniciativa chamar a atenção do governo para levar mais a sério a questão da energia sustentável. "Do ponto de vista da poluição, o governo é incompetente", criticou o francês.

A California Fitness espera equipar a maioria das máquinas com a tecnologia de Gambarota até fevereiro de 2007. Depois virão as de outras academias em Hong Kong e, possivelmente, as 400 unidades espalhadas pelo mundo todo.
Em Hong Kong a poluição do ar é alarmante por causa das emissões procedentes das fábricas instaladas no sul da China.

(da Folha Online, 19/12/2006 - 15h58)
Imagens: www.bodysystems.org

25.12.06

Mais um poema para Sampa...












A Rua

(Heraldo Goez)

Sob o impassível frio paulistano
A rua grita seus dias a fio
E a flor perdida no canteiro alto
Murmura gotas de orvalho tardio

E eu não preciso mais me esconder
Atrás do brilho de qualquer vidraça
Pois que a cidade é a janela de tudo
E a vida passa mesmo sem querer

Guarde na lembrança minha voz,
De herança, minha paz
E um sorriso de criança...
Guarde na lembrança nossa vida
E a certeza da partida não será em vão...

Mas eu nem sei nem mesmo te deixar
Ando na contramão do amanhecer
Meu coração nasceu madrugador
Milhões de cores a me seduzir
E num farol qualquer espero ver
A lente do teu olho a me fitar
E a sutileza no retrovisor
Do verde me chamando a prosseguir

E mesmo que não seja mais possível
Ver os cabelos dessa deusa, nua
Mesmo que não se veja na fumaça
Pra onde aponta nosso dedo insano
A construção avança, irredutível
Concreto armado de amplidão e graça
Sob o impassível frio paulistano
Aonde a rua grita e continua...

(Foto de Carlos Alkmin, em http://www.flickr.com/photos/carlosalk/)